Recentemente conversando com um grande amigo e jornalista especializado no agronegócio ouvi dele algo parecido com isso,: “Otávio, você não tem a ideia e a vergonha que tenho de colegas de profissão que não tem a menor ideia do que escrevem e tenho que alertados sobre todos os tipos de textos duvidosos”. Enfim, naquele dia falávamos sobre o comentário do jornalista André Trigueiro, que fez seu comentário no Jornal “Em Pauta” da Globonews sobre o Projeto de Lei que tratou do autocontrole da cadeia produtiva da carne bovina um dia antes dos seus comentários.
Talvez, o Trigueiro, experiente jornalista, com um leve viés para suas agendas pessoais, não tenha tido tempo – em meio às inúmeras pautas mais importantes voando pela redação – para se dedicar um pouquinho mais e fazer um comentário digno da empresa para a qual presta seus serviços. A falta de tempo – imagino – ou de conhecimento básico sobre o tema, pelo jornalista, certamente diminui a credibilidade da empresa de comunicação já citada.
Essa introdução é importante também para que eu faça o mesmo contraponto de algumas matérias – sempre negativas – sobre o agronegócio nacional. Nunca foi interesse meu ficar falando do passado e do Jornalista André Trigueiro, torná-lo exemplo do mal jornalismo. Lamentavelmente, já veremos que temos outros “Trigueiros” só que piores, pois estão do lado de cá e deveriam conhecer melhor nosso setor.
Dessa vez, o Jornal Valor Econômico publicou matéria escrita por Rafael Walendorff, da sucursal o “Valor” em Brasília, intitulada: “Ministério da Agricultura passa a ter estrutura mais enxuta”. Logo pelo título já fiquei irrequieto e pensando: “lá vem, mais um! Onde está meu amigo jornalista para continuar sua batalha solitária?”
Engano meu, o jornalista Rafael cumpriu fielmente a execução de suas atribuições, contudo a maior de todas, a de bem informar. A propósito, Rafael, parabéns. Você foi claro, objetivo, retilíneo e sem qualquer juízo de valor ou ideologia, ateve-se ao fato e ao dever de informar.
Várias matérias e comentários nas redes sociais a esse respeito – o enxugamento do Ministério da Agricultura – têm sido, a meu ver, equivocadas e, não seguindo a linha editorial do Jornal e do jornalista mencionado.
Hoje fiquei abismado com o número de comentários de inúmeras pessoas que frequentam essas redes sociais, e claro da FPA que – como diz um outro amigo meu, queimou a largada, ao protestar algo que nunca chegou a efetivar-se.
O fato é o de que a Diretoria de Agronegócios do Itamaraty jamais foi extinta e, a bem da verdade, foi tonificada, reconhecida a importância e a valiosa contribuição ao agronegócio brasileiro, tendo iniciado a tratar da “Promoção do Agronegócio, quando foi criada, em 1⁰ de janeiro de 2019.
Ontem, esta Diretoria, que buscou explorar mais e melhor as sinergias com o MAPA entre duas frentes tradicionais de sua atuação: a política comercial e a promoção comercial, desde 2019, passou a se chamar Departamento de Política Comercial, Investimentos e Agricultura. Agora seria uma boa hora para aqueles que criticaram sem checar devidamente a darem uma volta de 180⁰ graus e reconhecer que a indução ao erro de informação, não confrontada, pode gerar.
Da agricultura, deixaram de fazer parte da sua estrutura: a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), a Agência Nacional de assistência técnica e Extensão Rural (ANATER), que ficarão sob o guarda-chuva recriado Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Foi-se também o Serviço Florestal Brasileiro (SFB) responsável pela gestão do Cadastro Ambiental Rural (CAR), para o Ministério do Meio-Ambiente.
O outro chilique se deu contra a saída das empresas Estatais que deixaram o MAPA na atual reforma administrativa do novo governo como já assinalado acima. É claro, é óbvio e normal que alguns membros da cadeia produtiva do agronegócio, não queiram perder sequer um naco de “poder” ou de orçamento federal.
Este é o país do atraso, do compadrio, do poder pelo poder que que furtivamente nos impede de fazer algo minimamente maior e mais importante do que discutir “porteiras fechadas”, a exemplo da reforma administrativa, que poderia – quem sabe – resolver esta questão e outras como o velho e confortável loteamento estatal.
Por fim, vejamos o caso da CONAB, agora no MDA. Diz a CONAB que “tem por objetivo promover a segurança alimentar e nutricional, a Conab executa ações e programas de Abastecimento Social como: Atendimento Emergencial, Ajuda Humanitária Internacional, Doação de Cestas, Distribuição de Cestas e Vendas em Balcão”. Tá bom!!!
Quem determina que os alimentos que comporão os estoques reguladores devem ser adquiridos de pequenos e médios produtores, responsáveis por 70% do que chega à mesa dos brasileiros. Fato consumado e inegável. Fez bem o novo Ministro em não entrar nesta disputa atrasada e desprovida de qualquer razão plausível e tecnicamente sustentável.
Isso, nem de longe significa o que tenho ouvido por aí jocosamente: de que o MAPA virou MAP, perdendo sua função de abastecimento. Nada mais equivocado e sem sentido de quem presta tal desserviço. O MAPA sempre será o MAPA, por uma só razão, tem a responsabilidade e uma importante parcela de contribuição no abastecimento interno e externo que não são e nunca serão afetos a qualquer outro Ministério, nem mesmo ao MAP e muito menos ao MDA.
A melhor parte é essa: a que defendo a extinção da CONAB, sendo seus serviços absorvidos por cada Pasta competente pelo tema de sua responsabilidade. Ou seja, poderia ter suas funções absorvidas ou pelo MAPA ou pelo MDA. Não importa onde, desde que faça aquilo que a sociedade espera de uma Estatal bilionária que parou no tempo e não consegue oferecer, de novo a meu ver, algo que não possa ser realizado por cada Ministério que tenham seus programas por lá.